segunda-feira, 1 de junho de 2015

Boas-vindas!


A Literatura de Cordel é uma das mais genuínas manifestações da cultura popular brasileira. Sua influência está presente em muitas manifestações artísticas, entre elas o teatro e o cinema. Foi com base na literatura de cordel que Ariano Suassuna escreveu a peça Auto da Compadecida, que vertida para o cinema, foi um grande sucesso. O cordel chegou ao Brasil via Portugal, e se estabeleceu na Região Nordeste, onde ganhou feição própria. A Bahia sempre foi um grande produtor de cordel desde os tempos de Rodolfo Coelho Cavalcante, Minelvino Francisco Silva, João Damasceno Nobre, Antônio Teodoro dos Santos, Antônio Alves da Silva, Cuíca de Santo Amaro e Bule-Bule, até os tempos atuais, em que surgem nomes de destaque, como Antônio Barreto, Jotacê Freitas, Zeca Pereira e Marco Haurélio.

No Brasil, o cordel ganhou feição própria, com os romances do ciclo do boi e as histórias de vaqueiros intrépidos, beatos e cangaceiros. Os romances de cavalaria, no entanto, inspiraram clássicos do gênero, como A Batalha de Oliveiros com Ferrabrás, de Leandro Gomes de Barros, e Roldão no Leão de Ouro, de João Melchíades Ferreira da Silva, textos do chamado ciclo de Carlos Magno, personagem histórico abraçado pela cultura popular do Brasil e de Portugal. Esta interface da cultura popular alimentada pelo cordel está presente na chamada cavalhada teatral, encenação a céu aberto de um auto tradicional que rememora as batalhas travadas entre mouros e cristãos.

A prática poética do autor de cordel, que é ao mesmo tempo oral e escrita, incorpora princípios de um conhecimento poético tradicional, com a métrica e a rima obedecendo a padrões já bastante conhecidos, usualmente com versos de sextilhas, setilhas ou décimas. Por ser uma criação literária individual, mas voltada à temática de interesse coletivo e pelo número elevado de exemplares impressos, o cordel atrai um grande número de pessoas, realizando o nobre papel de alfabetizar cidadãos, e ainda promovendo o hábito da leitura, bem como irradiando cultura.

O projeto Cordel: a Poesia Encantada do Sertão, por meio das diversas ações como formação, exposições, mostras, debates, formação da cordelteca e do Encontro Estadual de Cordelistas, enfocará todas as faces da poesia popular, ressaltando a relevância do cordel para a cultura do nosso município, estado e país. Para o município de Serra do Ramalho, que agrega tradições culturais como o reisado, cavalhadas, samba de roda e dança de São Gonçalo, a atividade será de grande importância para a afirmação da identidade cultural de seu povo, em grande parte oriundo da região atingida pela construção da barragem de Sobradinho, em meados da década de 1970. 

Coordenação geral: Itamar Mendes, Lucélia Borges e Silmária Ferreira.




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